Implantando-se um pouco por todo o mundo, a partir do segundo quartel do século XVIII, a Maçonaria transportou consigo os princípios e as regras tradicionais da Regularidade, ainda hoje preservados e lembrados ritualmente, com as mesmas palavras e os mesmos gestos dos primeiros dias. Na Europa Continental (com relevo inicial para a Alemanha e a França), a Ordem Maçónica estabeleceu-se como instituto iniciático de busca do aperfeiçoamento espiritual, fazendo multiplicar as suas Lojas no respeito estrito dos Landmarks.
Na segunda metade do século XIX, algumas obediências maçónicas europeias, lideradas pelos jacobinos franceses, renegaram as Constituições (de que pretendiam fazer uma "interpretação livre" e "moderna") e os Landmarks (que consideraram "obsoletos"). Pequenas "bolsas" de "maçons liberais" constituíram-se então em França, Itália, Bélgica, auto-excluindo-se da Regularidade, passando a combater a Igreja Católica em particular e a religiosidade em geral, aliando-se às pugnas profanas da política partidária e às campanhas mais extremas, pegando em armas e afastando-se de tudo o que é o ensinamento maçónico.
Não obstante, a grande maioria das Lojas manteve-se na Regularidade, mesmo nos países onde simultaneamente brotava aquilo que os historiadores maçónicos designaram por "Maçonaria Latina". Ao longo de todo o século XIX, pelo seu lado, a Maçonaria Regular radicou-se solidamente na generalidade da Europa e ramificou-se no Continente Americano. Aí, uma vasta rede de Lojas e de obreiros atravessa a quadrícula dos Estados Unidos, do Canadá, do Brasil e da totalidade da América hispânica, nisto se contando metade do total mundial dos obreiros maçons. E até na mais remota destas Lojas se trabalha sempre "à glória do Grande Arquitecto do Universo", com o volume da Lei Sagrada aberto e os corações voltados para o Alto.
Este carácter espiritual da Maçonaria encontra-se, pois, inteiramente preservado: mais de noventa por cento dos homens que se intitulam maçons são, de facto, reconhecidos pelos seus irmãos. A questão do "reconhecimento" é de importância capital para os maçons. Nos seus rituais, à pergunta "És maçon?" respondem, invariavelmente: "Os meus irmãos reconhecem-me como tal". Sem o reconhecimento dos irmãos, sem a ligação ao vínculo tradicional, sem a transmissão "regular" da palavra de mestre a discípulo, a Maçonaria desligar-se-ia da sua essência. Esta classe de requisito é, aliás, comum à generalidade das ordens que buscam o aperfeiçoamento espiritual.
Fraternidade de natureza iniciática e escola de conhecimento simbólico, a Maçonaria visa o aperfeiçoamento do homem (que assim se assume como pedreiro da sua própria edificação interior). Usa a simbologia iniciática dos mestres construtores dos templos medievais como meio de transmitir conhecimentos, reflexões e divisas. Tem, por natureza constitutiva, um compromisso de aspiração à harmonia divina.
Hoje, no nosso país, uma só potência é reconhecida pela Maçonaria Regular: a Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal (GLLP/GLRP), criada em Lisboa em 1990. O Grande Oriente Lusitano (GOL) não se encontra reconhecido como potência maçónica "regular", filiando-se historicamente na corrente jacobina que no século XIX dissidiu da loja-mãe e dos Landmarks.
A confusão entre o Grande Oriente Lusitano e "a Maçonaria", em geral, advém do facto de, durante mais de cem anos, não ter operado em Portugal qualquer Ordem Maçónica reconhecida pela Regularidade. Durante esse enorme lapso, o Grande Oriente foi a única organização portuguesa a reclamar-se dos valores éticos da Maçonaria - praticando, apesar da sua "irregularidade", rituais semelhantes ou iguais aos dos maçons regulares, embora sem a obrigatoriedade de aceitação de um princípio ordenador do caos e dispensando-se o uso do livro da Lei Sagrada.
Em 1985, um grupo de membros do Grande Oriente Lusitano declarou uma dissidência, propugnando um regresso à Regularidade maçónica e à via espiritual. Não a obtendo no interior, abandonou o GOL e, sob o patrocínio inicial da Grande Loja Nacional de França, logo secundado pela Grande Loja Unida de Inglaterra, constituiu uma primeira Loja regular em território português, que em 1990 deu origem à Grande Loja Regular - a primeira potência maçónica portuguesa a ser universalmente reconhecida desde meados do século XIX.
Autor anónimo
Na segunda metade do século XIX, algumas obediências maçónicas europeias, lideradas pelos jacobinos franceses, renegaram as Constituições (de que pretendiam fazer uma "interpretação livre" e "moderna") e os Landmarks (que consideraram "obsoletos"). Pequenas "bolsas" de "maçons liberais" constituíram-se então em França, Itália, Bélgica, auto-excluindo-se da Regularidade, passando a combater a Igreja Católica em particular e a religiosidade em geral, aliando-se às pugnas profanas da política partidária e às campanhas mais extremas, pegando em armas e afastando-se de tudo o que é o ensinamento maçónico.
Não obstante, a grande maioria das Lojas manteve-se na Regularidade, mesmo nos países onde simultaneamente brotava aquilo que os historiadores maçónicos designaram por "Maçonaria Latina". Ao longo de todo o século XIX, pelo seu lado, a Maçonaria Regular radicou-se solidamente na generalidade da Europa e ramificou-se no Continente Americano. Aí, uma vasta rede de Lojas e de obreiros atravessa a quadrícula dos Estados Unidos, do Canadá, do Brasil e da totalidade da América hispânica, nisto se contando metade do total mundial dos obreiros maçons. E até na mais remota destas Lojas se trabalha sempre "à glória do Grande Arquitecto do Universo", com o volume da Lei Sagrada aberto e os corações voltados para o Alto.
Este carácter espiritual da Maçonaria encontra-se, pois, inteiramente preservado: mais de noventa por cento dos homens que se intitulam maçons são, de facto, reconhecidos pelos seus irmãos. A questão do "reconhecimento" é de importância capital para os maçons. Nos seus rituais, à pergunta "És maçon?" respondem, invariavelmente: "Os meus irmãos reconhecem-me como tal". Sem o reconhecimento dos irmãos, sem a ligação ao vínculo tradicional, sem a transmissão "regular" da palavra de mestre a discípulo, a Maçonaria desligar-se-ia da sua essência. Esta classe de requisito é, aliás, comum à generalidade das ordens que buscam o aperfeiçoamento espiritual.
Fraternidade de natureza iniciática e escola de conhecimento simbólico, a Maçonaria visa o aperfeiçoamento do homem (que assim se assume como pedreiro da sua própria edificação interior). Usa a simbologia iniciática dos mestres construtores dos templos medievais como meio de transmitir conhecimentos, reflexões e divisas. Tem, por natureza constitutiva, um compromisso de aspiração à harmonia divina.
Hoje, no nosso país, uma só potência é reconhecida pela Maçonaria Regular: a Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal (GLLP/GLRP), criada em Lisboa em 1990. O Grande Oriente Lusitano (GOL) não se encontra reconhecido como potência maçónica "regular", filiando-se historicamente na corrente jacobina que no século XIX dissidiu da loja-mãe e dos Landmarks.
A confusão entre o Grande Oriente Lusitano e "a Maçonaria", em geral, advém do facto de, durante mais de cem anos, não ter operado em Portugal qualquer Ordem Maçónica reconhecida pela Regularidade. Durante esse enorme lapso, o Grande Oriente foi a única organização portuguesa a reclamar-se dos valores éticos da Maçonaria - praticando, apesar da sua "irregularidade", rituais semelhantes ou iguais aos dos maçons regulares, embora sem a obrigatoriedade de aceitação de um princípio ordenador do caos e dispensando-se o uso do livro da Lei Sagrada.
Em 1985, um grupo de membros do Grande Oriente Lusitano declarou uma dissidência, propugnando um regresso à Regularidade maçónica e à via espiritual. Não a obtendo no interior, abandonou o GOL e, sob o patrocínio inicial da Grande Loja Nacional de França, logo secundado pela Grande Loja Unida de Inglaterra, constituiu uma primeira Loja regular em território português, que em 1990 deu origem à Grande Loja Regular - a primeira potência maçónica portuguesa a ser universalmente reconhecida desde meados do século XIX.
Autor anónimo